No artigo anterior referiu-se o processo de especiação alopátrica através da vicariância (surgimento de uma barreira e separação em diferentes populações de um espécie ancestral de distribuição contígua). Uma outra forma de especiação alopátrica é a dispersão de uma população para uma nova localidade, onde permanece isolada da população original e diverge até formar uma nova espécie. Se as espécies se adaptam ao novos locais, i.e., se se adaptam por selecção natural, fala-se em radiação adaptativa. Arquipélagos são particularmente atreitos a este tipo de especiação, e por esta razão constituem frequentemente centros de biodiversidade (e.g., o arquipélago do Hawaii).
Os escaravelhos do género Mecyclothorax têm sido estudados intensamente por James Liebherr, professor e curador da colecção de insectos na Universidade de Cornell, nos EUA, sendo responsável pela descoberta de cerca de metade das 400 espécies do género. O género originou-se na região australiana, mas só são conhecidas 25 espécies na Austrália, e 40 espécie nas ilhas vizinhas da Nova Zelândia e Java. Mas 239 espécies foram descobertas no arquipélago do Hawaii e cerca de 100 nas ilhas Sociedade (cuja ilha principal é o Taiti).
Enquanto a espécie mais abundante da Austrália pode voar, as espécies descobertas no Hawaii e ilhas Sociedade não voam. Provavelmente um ancestral voador colonizou as várias ilhas e, em isolamento, perderam a capacidade de voo. O sistema de ilhas e sua distância da zona Australiana por si só já constituem condições que favorecem a especiação alopátrica. Acresce que as espécies das ilhas, que não voam e têm apenas 3-7 mm de comprimento, ficam facilmente isoladas devido ao facto das ilhas serem vulcanicamente activas. As correntes de lava criam kipukas, pequenas zonas de terreno rodeado por zonas desérticas de lava. Tal cria outro factor favorecendo a especiação alopátrica, havendo assim condições para a radiação adaptativa destes carabídeos.
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