Para além de destacar a visita do FC Porto ao terreno do Manchester United nos quartos de final da Liga dos Campeões (?), o portal Ciência Hoje avança com duas notícias que dão conta do regresso de dois investigadores portugueses de renome a laboratórios nacionais. A reflexão sobre a “fuga de cérebros” já tem sido feita neste blogue, nomeadamente através de um interessante texto assinado por David Marçal, e importa perceber o real significado destas notícias.
A primeira, dá-nos conta do regresso de Rui Costa, que chefia um grupo de investigação sobre neurobiologia da acção nos Institutos Nacionais de Saúde (INH) dos Estados Unidos da América. A partir de Abril, regressa a Portugal para integrar o projecto de Neurociências da Fundação Champalimaud. «Rui Costa vai trazer a maioria da sua equipa de investigação para Portugal, que funcionará no Instituto Gulbenkian de Ciência, em Oeiras, enquanto o edifício da Fundação Champalimaud não estiver concluído, mas continuará a chefiar o seu laboratório de Neurobiologia da Acção dos NIH», noticia o Ciência Hoje.
A segunda notícia, apresenta o percurso de outro investigador que regressou a Portugal. Chama-se João Relvas, é neurocientista, e lidera actualmente um grupo de Investigação no Instituto de Biologia Molecular e Celular, no Porto (IBMC), depois de uma longa permanência no estrangeiro. “Agora há mais ilhas, que começam a ter condições melhores e massa crítica, mas estamos ainda numa fase embrionária que só vai dar frutos daqui a alguns anos”, declarou. “Lamenta, todavia, a falta de apoio aos investigadores séniores que querem regressar a Portugal”, acrescenta o portal.
O aviso também já havia sido deixado pela bióloga Cecília Arraiano, quando foi alvo de distinção pela EMBO: «Em Portugal têm sido muito poucos os que me têm apoiado», reclamava.
O mais curioso é que as duas notícias surgem “coladas” na página do Ciência Hoje, o que pode transmitir uma ideia (falsa) de inversão do fenómeno. Estarão realmente reunidas as melhores condições para o regresso dos cientistas portugueses aos nossos laboratórios? E os mais novos, precisam de décadas de investigação no estrangeiro para serem reconhecidos dentro de portas?
Publicado por Sílvio Mendes