A identificação de aves, em particular corujas, tradicionalmente baseava-se na plumagem e morfologia. Em 1978, o ornitólogo Joe T. Marshall constatou que devido à variabilidade geográfica nas cores e padrões de plumagem vários erros de classificação eram cometidos.
Marshall foi enviado pelo Smithsonian à Tailândia no final dos 1970’s para acertar a taxonomia das corujas endémicas em várias das suas ilhas, e propôs que as vocalizações fossem usadas como carácter taxonómico de maior confiança, em particular no género Otus.
Foi com base nesta característica que George Sangter e Ben Kim identificaram uma nova espécie de coruja na ilha de Lombok, ilha da província de Nusa Tenggara Ocidental da Indonésia, afastada por apenas 15 km da ilha de Sumbawa, a que deram o nome comum em referência ao segundo maior vulcão da Indonésia (o Gunung Rinjani) e um epíteto específico com uma derivação do nome da esposa de Sangster: a coruja Rinjani (Otus jolandae).
Em 2003, Sangster e King, independentemente, viajaram a Lombok para estudar as vocalizações de uma população local de um noitibó e determinar se esta era Caprimulgus macrurus ou uma nova espécie (resultou ser efectivamente C. macrurus). Mas durante este estudo registaram novas vocalizações de uma coruja local. Usaram gravações da vocalização para atraírem indivíduos, e concluíram que eram distintas das corujas de Bali e Java.
A coruja de Lombok é tão parecida com a coruja das Molucas (Otus magicus), comum em várias ilhas da Indonésia, que nunca ninguém havia confirmado a sua classificação com base em vocalizações ou DNA. Também Sangster e King duvidaram que haviam feito uma descoberta, e nos últimos dez anos acumularam evidências: confirmaram que ninguém havia anteriormente reportado as diferenças, recolheram mais gravações em diferentes partes da ilha, procuram a coruja noutras ilhas, comparam a coruja com outros espécimenes em museus, e finalmente fizeram uma análise de DNA. Todas as evidências confirmavam que haviam descoberto uma nova espécie.
Diz Sangster: “Embora nos tenha levado quase 10 anos para descrever esta nova coruja, isto não é excepcional. Claro que todas as espécies fáceis de descrever já o foram a muito tempo, de forma que aquelas aves ainda por descobrir não revelam a sua verdadeira identidade facilmente.”

Mapa da Wallacea, o grupo de ilhas Indonésias separadas por águas profundas da Austrália e Ásia continental, com as distribuições das espécies e subespécies de coruja.
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